segunda-feira, 31 de julho de 2017

ELES TAMBEM QUEREM A MATEMÁTICA

“Em pleno século XXI, com todo aparato tecnológico em que estamos inseridos, não conseguimos ensinar matemática para crianças com deficiência visual “ diz a professora do ensino fundamental Roseli da Costa Silva, responsável pelo projeto de inclusão matemática por meio da inclusão digital para as crianças com deficiência visual do Bairro da Boa Vista, no município de Mogi das Cruzes.

Professora Licenciada pelo Centro Universitário UNINTER, Roseli encabeçou um projeto de ensino d matemática aos alunos com deficiência visual de 6 anos na EE Prof. Rodrigo de Oliveira, escola estadual que conta com uma pequena sala de informática montada por meio de doações da comunidade, onde vêm sendo ministradas aulas para uma turma de 10 crianças com deficiência visual, no período extra classe dos alunos regulares do ensino fundamental, que devido a  dificuldade em ler o livro didático, acabam não conseguindo acompanhar o restante da turma durante as aulas de matemática.

Com o uso do software Minimatecavox, criado pelo estudante da UNICAMP Henderson Tavares, como sua tese de mestrado o software consiste em uma interface gráfica com personagens fictícios que reproduzem áudios e sentenças matemáticas com a voz de crianças e tendo como interface de resposta comandos  de voz enviados pelas crianças que estão utilizando o aplicativo, tornando o ensino da matemática tangível para uma criança com deficiência visual por meio do diálogo com os personagens. Criado com uma interface lúdica, o Minimatecavox traz ao aluno o aprendizado por meio da fala, o que torna prazeroso e efetivo o ganho de conhecimento matemático , segundo Henderson.

O aplicativo consistem em 20 aulas com 15 exercícios cada englobando os principais conteúdos da matemática, tais como, soma, subtração, divisão e multiplicação, fundamentais para a inserção da criança na sociedade e auxiliando o desenvolvimento do conteúdo do currículo escolar.

Como pode ser observado, muitas escolas do país utilizam recursos visuais para o ensino dos conteúdos do currículo escolar, inclusive o livro didático não contempla essa parcela de alunos com deficiência, não sendo munido de lições em Braile, o que atenderia os deficientes visuais, ou não são gravados em mídias digitais, com áudio, o que contemplaria a parcela de jovens com deficiência auditiva que passam pelas mesmas dificuldades de aprendizado que os portadores de deficiência visual.

Ao iniciar seu projeto, Roseli, encontrou diversas dificuldades, pois não contava com materiais disponíveis e nem com uma sala de informática para “rodar” o software, porém ela via a necessidade de inserir esses alunos no contexto do ensino da matemática e com alguns computadores vindos por meio de doação de patrocinadores e com uma sala cedida pela direção da escola, ela montou um pequeno laboratório de informática, e instalou o Minimatecavox nesses PC´s, buscou o conhecimento das funcionalidades do aplicativo, criou uma pequena turma com 3 alunos e em pouco tempo já estava colhendo os resultados positivos da experiência, iniciando oficialmente sua sala de ensino de matemática para crianças com deficiência visual com o nome de :ELES TAMBEM QUEREM A MATEMÁTICA.

Pouco mais de um ano de projeto, Roseli conta que a procura por vagas em seu projeto social de crianças com algum tipo de deficiência visual aumentou muito  em relação ao ano anterior e os resultados são consistentes no que se diz respeito ao ganho cognitivo das crianças que passaram pela experiência de utilizar o aplicativo e participar do projeto.

Quando ela diz: “eles também querem a matemática” ela também está dizendo “ o ensino da matemática e das demais matérias é um direito de todos e nós como profissionais da educação devemos nos ater a isso, buscando cada vez mais ferramentas de inclusão, onde podemos abranger não só os deficientes visuais mas também os auditivos, os com dificuldades motoras, os com dificuldades cognitivas, enfim, todos os que tem o direito de aprender.

Uma das principais argumentações dos responsáveis pelo projeto: ELES TAMBEM QUEREM A MATEMÁTICA, é a tentativa de mostrar o quão necessária é a mudança das políticas publicas votadas a educação, para que assim as crianças com deficiência visual sejam melhor assistidas pelo governo e torcer para que esse projeto seja ampliado para todas as escolas do país